Não se vendiam tantos carros desde Janeiro de 2020, nem tão poucos diesels.

Nem sempre a direcção que um mercado toma é imediatamente óbvia, e nem em todos os meses são atingidos novos valores máximos ou mínimos. No mês de Maio, no entanto, foram atingidos ambos.

Vamos começar pela visão global do mercado.

Valores absolutos de vendas por tipo de motorização. Fonte: ACAP Clique para Ampliar

Em Maio foram vendidas mais de 19 mil viaturas, um valor que não era excedido desde Fevereiro de 2020. Finalmente o mercado parece estar a voltar à vida, correspondendo aos 4 mês consultivos de melhorias nas vendas. Se compararmos as vendas de Maio, com as de Fevereiro, regista-se um aumento de quase 50%. Este aumento de vendas foi liderado pelos veículos movidos a gasolina, o que sugere que esta recuperação não é ainda sustentada, já que esta motorização está associada aos modelos de mais baixo custo. No entanto, o mês de Maio não foi simpático para todas as motorizações.

Quota de mercado por tipo de motorização. Fonte: ACAP Clique para Ampliar

Se o veículos movidos a gasolina mostraram um aumento de vendas, os veículos movidos a gasóleo registaram uma diminuição, tendo correspondido a apenas 32.6% das vendas. Este é então o terceiro mês consecutivo onde a motorização a gasóleo registou recordes negativos de vendas, pelo menos desde a década de 90. Se compararmos com as vendas de 2020, que atingiram os 43%, os 32% registados em Maio mostram como os condores estão em pleno processo de abandono desta motorização. Olhando para a globalidade do ano de 2021, esta motorização regista agora 37%, contra os 38% das motorizações a gasolina.

É então importante perceber para onde foram as vendas.

Em primeiro lugar, podemos ver para onde não foram essas vendas. As motorizações totalmente eléctricas e plugin não sofreram grandes alterações este mês, tendo registado quebras ligeiras, mas ainda assim em linha com os valores do ano passado. O único outro tipo de motorização que registou um movimento significativo foram as híbridas a gasolina, tendo registado um aumento de vendas de mais de 90% quando comparado com 2020, o que sugere um movimento dos veículos a gasóleo para os híbridos a gasolina. Não que este movimento seja óbvio, mas é o que os números sugerem.

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Se olharmos para a evolução 2019 – 2021 até ao mês de Maio, este movimento torna-se claro numa óptica mais global.

As vendas das motorizações a gasolina desceram de 2019 a 2020, mas mantêm-se constantes desde 2020 até Maio, mas ainda 11% abaixo das registadas em 2019. As vendas de motorizações a gasóleo estão actualmente 3% abaixo das de 2019, mass mais de 5% abaixo das vendas de 2020. Se considerarmos as vendas de todas as motorizações apenas a combustão interna, regista-se uma diminuição de 14% desde 2019 até Maio. Em sentido oposto, as vendas de motorizações híbridas subiram de pouco mais de 1% em 2019, até aos 10.4% actuais. A restante diferença está nas vendas dos modelos electrificados, cujas vendas passaram de 8% em 2019 até aos 13% actuais.

Finalmente, há outro movimento interessante: o total de vendas dos motores a gasolina e híbridos a gasolina mantêm-se constantes, registando uma ligeira descida de 51% de 2019 até aos 48% até ao momento.

Vendas de veículos eléctricos

O mês de Maio foi incaracterístico no que diz respeito às vendas de veículos exclusivamente eléctricos. Em primeiro lugar, encontramos a Renault, algo que não tinha conhecido este ano. De facto, desde que a Renault deixou de ter disponível a opção de alugar de baterias, o Zoe deixou de ser tão apelativo para as empresas como era.

Em 2º e 3º lugares encontramos agora a Peugeot e a Nissan. De facto, a Peugeot tem sido presença constante no pódio de vendas, justificado pelo sucesso dos seus modelos e-209 e e-2009. Já a Nissan continua a mostrar a resiliência do modelo eléctricos há mais tempo no mercado, embora agora maioritariamente na versão de maior capacidade de bateria.

Ainda de destacar a presença da Mercedes em 4º lugar, fruto do lançamento recente dos seus modelos eléctricos mais recentes, e em particular do EQA. Ainda de destacar as vendas da Hyundai e da Volkswagen. Se no caso da Hyundai se verifica um fluxo de vendas agora constante, a Volkswagen está ainda a adaptar-se aos novos modelos, ID.3 e ID4.

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Em sentido contrário encontramos a Tesla, mais uma vez devido ao seu calendário característico de entregas, tendo entregue apenas 34 unidades.

O ponto mais importante a destacar neste momento é a transversalidade deste mercado. Ainda em Outubro passado, apenas 3 marcas conseguiram exceder as 50 unidades. Em Mario foram 7. De facto, neste momento o mercado está mais distribuído entre os vários fabricantes, e cada vez menos centrado num conjunto muito limitado. Se em

Este efeito de alisamento das vendas está ainda mais visível nas vendas totais até ao momento. Se a Testa era o líder indiscutível até recentemente, o pódio é agora um local de disputa, entre a Nissan, Peugeot, Tesla, Renault e Volkswagen.